Vacinação


quarta-feira março 31, 2010

Segundo o Dr. William B. de Abreu, Infectologista da UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas), em artigo publicado na Internet, a vacinação é o procedimento que visa produzir anticorpos (mecanismos de defesa) no organismo, contra determinado agente infeccioso, antes que uma infecção seja causada por aquele agente. “Desta maneira, após a aplicação da vacina e conseqüente produção dos anticorpos específicos, em caso de contato natural com aquele agente infeccioso específico, os anticorpos o neutralizarão antes que ele consiga produzir a doença”, explica o médico.

O Dr. William define vacina como o produto orgânico obtido a partir de pedaços de um agente infeccioso específico, ou do agente morto por um tratamento químico ou, ainda, do próprio agente após tratamento por um processo que não o mata, mas diminui sua capacidade agressiva, mantendo-o vivo, mas incapaz de produzir a doença.

O médico da Unicamp defende a vacinação, pois a considera um processo de vital importância não só para o indivíduo imunizado, mas também para toda a comunidade da qual este indivíduo participa. “Não podemos esquecer que o indivíduo vacinado, uma vez que entre em contato com determinado agente infeccioso, o eliminará rapidamente cessando o ciclo de transmissão. O indivíduo não vacinado, além de adoecer, será mais um elo na cadeia de transmissão da doença”.

Segundo o Dr. William, doenças muito graves podem ser evitadas com a vacinação. “Na história recente da humanidade, agentes infecciosos foram eliminados de nossa convivência (varíola p. ex.) ou, tiveram suas taxas de incidência drasticamente diminuídas em alguns países (paralisia infantil p. ex.)”, defende.

Calendário de Vacinação Infantil

Ao nascer, a criança deve receber sua primeira dose da vacina BCG, que protege contra as formas graves da tuberculose. Com um mês de idade, recebe sua primeira dose da vacina para Hepatite B. Aos dois meses, lhe é dada a Tríplice (conhecida pela sigla DPT e que protege contra a difteria, a coqueluche e o tétano), mais a primeira dose da Antipólio Oral (que protege contra a poliomielite, causadora da paralisia infantil) e a segunda dose da vacina para Hepatite B.

Também se recomenda que, com oito semanas, o bebê seja vacinado ainda com a HiB, que protege contra algumas formas invasivas do Haemophilus Influenzae tipo B, causador da meningite, pneumonia e epiglotite.

Com quatro meses, a criança recebe a segunda dose da vacina para Poliomielite, e a Tríplice novamente. Aos sete meses, chega a hora de tomar a terceira dose da vacina para Hepatite B. Ao completar 9 meses, nova vacina: desta vez é a hora de prevenir contra o Sarampo. Nesta idade recomenda-se ainda que se vacine contra a Febre Amarela (antiamarílica). Com 15 meses, o bebê toma mais uma vez a Tríplice (DTP), o reforço contra a Poliomielite e a Triviral (contra o sarampo, a rubéola e a caxumba).

Um longo período se passa, e, aos seis anos de idade, chega a hora de tomar a segunda dose da BCG. Contra a difteria e o tétano, existe a Dupla (dT), disponível na rede pública, aplicada a partir dos sete anos. E, de 10 em 10 anos, é recomendado tomar a vacina Antitetânica, a contar a partir do reforço da DPT.

Parece uma Odisséia, recheada de aventuras com injeções e gotinhas, normalmente odiadas pelas crianças, mas vale a pena. Com as vacinas, as crianças ficam protegidas de doenças transmissíveis e são poupadas de enfermidades severas com graves conseqüências, como é o caso da Hepatite B, que pode matar, e da Poliomielite, que causa paralisia.

É importante lembrar que aos doze meses de idade (um ano), a criança já deverá ter tomado todas as vacinas do esquema básico. Caso não tenha tomado ainda, deverá ser levada ao Pólo Sanitário ou ao Posto de Saúde mais próximo de sua casa. Todas estas vacinas estão disponíveis na rede pública, embora, na rede particular, algumas delas tenham apresentação diferenciada.

Outras vacinas também são recomendadas pelos médicos, mas estão disponíveis somente na rede particular. É o caso da Varicela (contra a Catapora), aplicada a partir de um ano de idade. Pagando, é possível vacinar ainda contra a doença Pneumocócica (bactéria responsável pela maioria das pneumonias adquiridas na comunidade). A Anti-Pneumocócica é aplicada a partir dos dois anos de idade.

Uma vacina que tem feito sucesso, em especial entre os idosos, é a Influenza. Disponível na rede particular e foco de largas campanhas governamentais, que a disponibiliza uma vez por ano, ela protege contra o vírus da gripe.

Na rede particular, é possível ainda prevenir-se contra os grupos A e C da meningite meningocócica aplicando a vacina Meningo AC a partir dos dois anos, e, a partir dos quatro anos, contra os grupos B e C da meningite meningocócica, com a Meningo BC.

Panorama da Vacinação

De acordo com a Dra. Márcia Barsanti, Imunologista da USP (Universidade São Paulo) e Membro Fundador da Sociedade Brasileira de Imunizações, além de Diretora do VACINE – Centro de Vacinação Dra. Márcia Barsanti, “A prevenção é a meta da medicina do Terceiro Milênio. O desenvolvimento de novas vacinas, porém, não depende unicamente das pesquisas científicas, mas também de vontade política e econômica”. A especialista conta que existem hoje em dia aproximadamente oitenta vacinas em diferentes fases de desenvolvimento, pesquisa e implantação, o que comprova que ainda teremos, em breve, grandes avanços no que diz respeito à vacinação.

A médica acredita que a indústria farmacêutica, o governo e as entidades não-governamentais precisam se unir para que o financiamento de diversos projetos saia do papel. “Um fator muito importante é a pressão que a própria sociedade exerce em todo este processo. Quando há uma cobrança por parte da população, todas as entidades se aplicam para promover resultados”, estimula, baseada na constatação de que, no Brasil, a pressão da sociedade está promovendo a incorporação da vacina contra hepatite B e Haemophilus influenzae tipo b no calendário oficial de vacinação infantil.

Segundo a Dra. Márcia, esta mesma pressão está fazendo com que várias empresas e corporações promovam campanhas de vacinação para seus funcionários e dependentes, o que conta ainda com um importante apelo econômico: cálculos empresariais estimam que as indústrias cheguem a economizar US$ 60,00 por funcionário, anualmente, em conseqüência da redução das faltas ao trabalho (absenteísmo) causadas por doenças imuno-preveníveis.

Em um futuro próximo, a Dra. Márcia aposta nos benefícios de vacinas contra Herpes 2, Neisseria gonorrhoeae, Papilomavírus, Chlamydia trachomatis e Treponema pallidum, todas elas em diferentes estágios de pesquisa e desenvolvimento e focadas nas doenças sexualmente transmissíveis, de grande importância para a população hoje adolescente. “Uma forma eficaz de imunização desta população será através do sistema de saúde das escolas, com a superposição de um esquema vacinal acoplado ao currículo do aluno”, acredita a médica, que acrescenta que “se as tentativas de vacinação desta parcela da população tiverem êxito, a proteção imunológica irá se estender até a idade adulta e os benefícios, sob todos os pontos de vista, serão incomensuráveis”.

Sobre o público mais velho, a Dra. Márcia avalia que as vacinas contra influenza, antipneumocócica e dupla (antidiftérica e tetânica) já demonstraram ser eficientes na prevenção da morbi-mortalidade em pessoas com mais de 60 anos. “Novas formas de administração destas vacinas, como a vacina contra influenza em spray, só deverão aumentar a adesão desta população alvo. Aliás, espera-se já para o próximo ano a utilização desta forma de vacina que, em estudos, demonstrou ser até mais eficaz que a vacina usada por via intramuscular, promovendo proteção de cerca de 90% contra a gripe”, prevê.