O Sono e a Insônia
terça-feira fevereiro 9, 2010
O sono é um estado em que nossa consciência diminui espontaneamente, quando então passamos a reagir menos aos estímulos externos. É o inverso do estado de vigília, sendo um período de descanso para o corpo. Durante o sono o cérebro apresenta importante e muito característica atividade elétrica. O sono é fundamental para as funções biológicas. É noturno e seu tempo de duração varia de pessoa para pessoa, sendo de maior duração na infância, diminuindo com a idade. Freqüentemente a diminuição do tempo de sono que ocorre normalmente na terceira idade é confundida com insônia ou qualquer outro distúrbio de sono. O critério de sono satisfatório é a sensação de noite bem dormida, independente do tempo dormido. A falta de sono leva à fadiga, irritabilidade, e a problemas de memória. Há vários distúrbios do sono, como a sonolência excessiva, o sonambulismo, o terror noturno, a insônia, etc. A sonolência excessiva é uma alteração incomum e pode estar relacionada a alterações metabólicas como a desidratação ou o descontrole de moléstia como o diabetes . O ronco e a apnéia são fatores que podem prejudicar o sono, e em geral estão relacionados à obesidade. No ronco excessivo a pessoa acorda com o barulho do ronco tornando o sono interrompido. A apnéia é um problema respiratório que leva a curtas pausas na respiração durante o sono, prejudicando a qualidade do mesmo. Nestas duas situações são fundamentais a perda de peso, além de se evitar dormir de barriga para cima. Em situações mais graves pode haver necessidade de se utilizar uma placa dentária especial ou mesmo a realização de cirurgia para aumentar o espaço das vias aéreas. O sonambulismo e o terror noturno são distúrbios do sono, mais freqüentes na infância, e na maioria das vezes estão relacionados a emoção, mas podem estar relacionados a uso de certos medicamentos. O sono é estudado, em laboratório, através do polissonograma. Este exame obriga a pessoa a dormir no local do exame e proporciona estudo detalhado do sono. Alguns cuidados são muito importantes para se ter um bom sono: horários constantes para dormir e acordar; evitar dormir mais que o necessário; estar relaxado e tranqüilo ao ir dormir e se possível tomar um banho quente antes; procurar dormir sempre no mesmo lugar; evitar bebida estimulante (café e álcool, por exemplo) e fumo antes de dormir; evitar refeições pesadas antes de dormir. A melhor posição para se dormir é de lado, com os joelhos flexionados, sobre um colchão resistente mas não duro e travesseiro da altura dos ombros. Deve se evitar a utilização de colchão muito macio, como o de molas. A insônia é uma situação muito freqüente., e o seu diagnóstico correto é fundamental na escolha da terapia. Caracteriza-se pela dificuldade para dormir, tanto no que diz respeito ao início do sono como também à sua duração, propiciando uma sensação de noite mal dormida com cansaço ao acordar. Na terceira idade a duração do sono tende a diminuir e também a tornar-se mais interrompido, sem que seja caracterizada a insônia. O principal critério de avaliação do sono é a sensação de noite bem dormida ao se acordar, o que nunca ocorre na insônia. A insônia pode se manifestar de três formas: a demora para se iniciar o sono, o acordar durante a noite ou o despertar muito cedo. A insônia persistente pode levar a problemas de humor e de comportamento, como a depressão, e sempre produz sensação de noite mal dormida. A pessoa que não dorme bem está mais sujeita a sofrer acidentes de automóvel, ao aumento na consumo de álcool e sonolência durante o dia. A insônia, entretanto, pode ocorrer de maneira transitória, durante um período de maior preocupação ou “stress” ou após viajem muito longa (“jet lag”), por exemplo. A insônia que persiste por mais de três semanas é denominada crônica e sempre deve ser muito bem investigada. Não é uma doença e sim um sintoma de distúrbios orgânicos e/ou psíquicos. Pode ser devida a determinados hábitos: horário irregular para dormir, uso abusivo de café, tabagismo, alcoolismo, etc. Problemas ambientais como barulho, luz excessiva, frio ou calor, incompatibilidade com parceiro (a) etc., também são importantes. Algumas doenças, como a demência e o Parkinson podem ser acompanhadas de insônia. O estado febril e a dor produzem insônia. Doenças que levam ao desconforto respiratório (enfisema e insuficiência cardíaca, por exemplo) são causas de alterações no ritmo do sono. Grandes altitudes podem levar à insônia durante os dias de adaptação. Na grande maioria dos casos, entretanto, a insônia está relacionada a distúrbios psíquicos como a depressão, ansiedade, angustia, ou stress. Alguns estudos demonstram ser a insônia mais freqüente entre pessoas divorciadas e viúvas. É sempre fundamental a identificação de uma ou de diversas causas da insônia. No tratamento da insônia a higiene do sono é fundamental, isto é, a eliminação daqueles fatores ambientais importantes. O hábito de praticar exercícios regulares, de comer coisas leves antes de dormir, e manter horários fixos para dormir ajudam a evitar a insônia. O excesso de alimentos e de bebidas ( café, refrigerantes ou bebidas alcoólicas ) é um hábito que deve ser evitado no período que antecede o sono. A “soneca” durante o dia deve ser evitada. O estado psíquico da pessoa deve ser sempre bem avaliado e conseqüentemente orientado. O controle da insônia com medicamentos deve ser feito com muito cuidado. Os medicamentos ditos soníferos ou reguladores do sono nada mais são que psicotrópicos (derivados dos benzodiazepínicos) que devido a sua ação depressiva sobre o sistema nervoso central induzem ao sono. São medicamentos úteis para a indução rápida do sono em situações especiais, como nos momentos que antecedem a uma cirurgia (pré-operatório) ou em viajem longa, por exemplo. O uso regular destes medicamentos deve ser evitado, pois leva a dependência, distúrbios da coordenação motora e de comportamento, diminuição da memória e produzem depressão, e no fim, pioram a insônia. As estatísticas mostram que os soníferos estão entre os medicamentos mais consumidos na idade adulta. A sua utilização deve ser feita levando-se em conta que o seu uso prolongado leva ao acúmulo do medicamento no organismo, além de produzir aumento de seus efeitos colaterais. Alguns cuidados devem nortear a utilização de substâncias psicotrópicas no controle do sono: usar doses pequenas (mínima dose eficiente) e de maneira intermitente (2 a 3 vezes por semana), por curto espaço de tempo (no máximo quatro semanas) e ser retirada gradualmente. Os psicotrópicos melhores são aqueles de mais rápida eliminação: triazolam (“Halcion”), zolpidem (“Stilnox”) e midazolan (“Dormonid”). No idoso a dose deve ser sempre menor que aquela utilizada para o adulto jovem, A utilização de antidepressivos, principalmente aqueles relacionados à serotonina (trazodone, nefazodone, paroxetine), melhoram a qualidade do sono e estão sendo cada vez mais utilizadas com bons resultados. Algumas substâncias antialérgicas (antihistamínicos) podem ser utilizadas para induzir o sono. A melatonina pode ser eficiente, principalmente em idosos. A utilização de substâncias pouco agressivas ao organismo, como chás, especialmente o de valeriana (derivado da planta Valeriana officinalis) pode ser útil no tratamento, com a vantagem de ser inócuo.