Insuficiência Cardíaca
terça-feira março 25, 2008
Introdução A partir da última década do século XX, a insuficiência cardíaca congestiva tornou-se um dos principais problemas em saúde pública. A estatística americana, estima que a insuficiência cardíaca afete mais de 3 milhões de pacientes nos Estados Unidos — quase 1,5% da população adulta, sendo a principal causa de mortalidade cardiovascular, com 200.000 mortes por ano. Atualmente, é a doença que mais cresce entre as doenças cardiovasculares naquele país, onde 400.000 pessoas desenvolvem insuficiência cardíaca pela primeira vez a cada ano. É responsável pela hospitalização de quase um milhão de americanos anualmente e é a principal causa de hospitalização no idoso. A insuficiência cardíaca é a principal causa de incapacidade e morbidade, prejudicando a habilidade dos pacientes em exercer atividades diárias e profissionais.
Conceito
Síndrome onde ocorre a incapacidade do coração em manter o débito cardíaco necessário ao metabolismo, ou quando a manutenção só é possível através do aumento das pressões ventriculares. As causas podem ser por dificuldade no enchimento ventricular (ex: HVE), na função contrátil (ex: Cardiopatia dilatada) ou no esvaziamento da cavidade ventricular ( Ex: Estenose Aórtica).
Outra forma de definir seria como a síndrome caracterizada por uma disfunção ventricular e da regulação neuro-humoral, acompanhada de sintomas de cansaço aos esforços, retenção hídrica e redução da expectativa de vida.
Mecanismos compensatórios surgem na tentativa de aumentar o débito cardíaco, como o aumento da freqüência cardíaca, da pressão diastólica final e da massa ventricular. No entanto com a evolução a função ventricular declina progressivamente.
Insuficiência anterograda e retrograda, direita e esquerd
Estas definições são clássicas e didaticamente são úteis para o entendimento da síndrome, no entanto ambos os mecanismos ocorrem simultaneamente e contribuem para o surgimento dos sinais e sintomas da insuficiência cardíaca.
Chama-se de insuficiência retrograda a seqüência de eventos que a partir do coração levam a congestão do leito vascular pulmonar e venoso sistêmico. A partir de uma incapacidade do coração se esvaziar completamente ocorre um volume residual ao final da diástole. O aumento de volume leva ao aumento da pressão diastólica final. O aumento da pressão diastólica ventricular tera como conseqüência o aumento do volume e das pressões atriais. A pressão venosa e capilar aumentam, levando a transudação seja em leito pulmonar ou leito sistêmico.
A insuficiência anterograda baseia-se no mecanismo onde o baixo débito cardíaco será responsável por má perfusão tecidual, incluindo cérebro, músculos e rins. O baixo débito renal leva a retenção de sódio e água.
O conceito de insuficiência direita e esquerda está atrelado ao conceito de IC retrograda, onde a insuficiência esquerda seria o acometimento do leito venoso e capilar pulmonar, atrás do atrio esquerdo e a insuficiência direita o acometimento sistêmico atrás das câmaras direitas.
Disfunção sistólica e diastólica
A disfunção sistólica é a incapacidade do ventrículo se esvaziar, ou seja sua insuficiência como bomba propriamente dita. O déficit mecânico sistólico, seja qual for a etiologia, é a base do conceito clássico de insuficiência cardíaca. A incapacidade de esvaziamento total da câmara cardíaca leva ao aumento do volume e da pressão diastólica final, alem da queda do volume sistólico, levando a redução do débito cardíaco. No entanto outro mecanismo, que pode inclusive existir de forma isolada, é a disfunção diastólica, onde ocorre uma deficiência no relaxamento ventricular e no seu enchimento, levando ao aumento da pressão diastólica, sem necessariamente haver comprometimento da função sistólica. Este mecanismo pode gerar todos os sinais de insuficiência cardíaca clássica, mesmo na ausência de déficit sistólico. Veja detalhes no capítulo de fisiopatologia da ICC e função diastólica e IC
Insuficiência cardíaca de alto débito
Ocorre em situações clínicas como a tireotoxicose, beri-beri, fístulas arteriovenosas, anemia e D. de Paget, onde o defict é metabólico e o coração é incapaz de manter um débito suficientemente elevado para impedir o surgimento de sintomas de insuficiência cardíaca. Difere da insuficiência de baixo débito pelo fato do paciente apresentar extremidades quentes e roseas, pressão de pulso normal ou elevada e uma diferença A-V de O2 normal ou até diminuída.