Um neurônio pode guardar até um minuto de memória, diz estudo


terça-feira janeiro 27, 2009

Pesquisa sobre memória temporária mostra paralelo entre cérebro e computador.


Apenas um neurônio na região frontal do cérebro é capaz, sozinho, de guardar memórias por um minuto e possivelmente mais, revela um estudo realizado por cientistas americanos.

A pesquisa é a primeira a identificar o sinal que estabelece uma memória celular não permanente e a revelar como o cérebro guarda informações temporárias.

Segundo um dos responsáveis pelo estudo, o psiquiatra Don Cooper, o estudo ajuda a entender de que forma o cérebro guarda informações que se alteram constantemente.

Ele também disse que o estudo mostra paralelos entre a forma como o cérebro e os computadores guardam informações.

Memória Permanente

O estudo foi feito no Southwestern Medical Center da University of Texas, em Dallas, e aparece na edição de fevereiro da publicação científica Nature Neuroscience.

Usando eletrodos minúsculos, os pesquisadores mediram o processo de formação de memória no cérebro das cobaias.

Os cientistas já sabiam como memórias permanentes são arquivadas.

Este processo, no entanto, leva minutos ou até horas para ser ativado e desativado, e é muito lento para guardar temporariamente informações que chegam rapidamente.

No estudo, os pesquisadores identificaram um outro processo de memória celular, desencadeado por impulsos rápidos de informação que duram menos de um segundo, em células nervosas individuais.

Esse processo pode durar apenas um minuto.

Como um computador

Cooper cita como exemplo o tipo de memória que um crupiê usa quando conta cartas em um jogo de 21 – uma memória que, como bem sabem os donos de cassinos, é sensível aos efeitos do álcool e outras distrações, como o ruído.

(Esta memória) “é mais parecida com a memória RAM de um computador do que com a memória arquivada no disco rígido”, disse Cooper.

“A memória no disco rígido é mais permanente e você pode acessá-la repetidamente. A memória RAM é um arquivo temporário que pode ser reescrito e que permite que uma pessoa faça várias tarefas ao mesmo tempo”, acrescentou.

O pesquisador acredita que a descoberta tem implicações importantes tratamentos para pessoas com vícios, distúrbios de atenção e perda de memória associada ao estresse.

“Se pudermos identificar e manipular os componentes moleculares da memória, poderemos desenvolver drogas que melhorem a capacidade de uma pessoa de manter essa memória temporária para que ela possa completar tarefas sem ser perturbada”, disse Cooper.

“Para pessoas viciadas em drogas, podemos fortalecer essa parte do cérebro associada à tomada de decisões, permitindo que elas ignorem impulsos e avaliem as conseqüências negativas do seu comportamento antes de usar drogas.”

O próximo passo das pesquisas, segundo os estudiosos, é identificar a estrutura responsável por reter e regenerar um traço de memória.