Tratamentos anticâncer podem aumentar os riscos cardiovasculares, alertam especi


terça-feira fevereiro 9, 2010

Tratamentos anticâncer podem aumentar os riscos cardiovasculares, alertam especialistas


Pacientes com câncer têm maior incidência de problemas cardíacos do que a população geral, segundo diversos estudos recentes. Uma nova revisão publicada no Journal of the American College of Cardiology indica que o culpado desse maior risco cardíaco nesses pacientes pode ser alguns dos métodos utilizados no tratamento oncológico, que podem afetar a saúde cardiovascular em até 28% dos pacientes. Segundo especialistas, esses pacientes ficam mais suscetíveis a desenvolver insuficiência cardíaca, doenças do pericárdio e valvares e insuficiência coronariana.


Os problemas, segundo especialistas, acontecem devido às variações dos efeitos das terapias oncológicas. Exemplo disso são os efeitos adversos das drogas quimioterápicas. Dependendo do tipo de droga utilizada, e também de outros fatores como dosagem, doença cardíaca pré-existente e história de radioterapia prévia na região do tórax, pode haver maior ou menor incidência e gravidade. Um dos problemas observados é a cardiotoxidade, ou seja, efeitos tóxicos às células do coração. A medicação acaba comprometendo o desempenho, levando à insuficiência do órgão, que pode dilatar e enfraquecer. Outro efeito que pode ocorrer é arritmia e o comprometimento de estruturas como o revestimento do coração e vasos – pericárdio, endotélio, vascular, entre outros -, levando também à alteração da função do coração.


“A evolução cada vez maior dos tratamentos, a pesquisa de novos medicamentos e de técnicas específicas que ataquem só o tumor têm como objetivo afetar cada vez menos outros órgãos não envolvidos com o câncer. Drogas como os betabloqueadores (carvedilol), os hipolipemiantes, o dexrazoxane parecem ter um efeito protetor cardíaco durante os tratamentos necessários para o combate ao câncer. Esses têm sido alvos de estudos para maior evidência e comprovação’, comenta o médico Daniel Potério, membro da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo.


Outro estudo, publicado recentemente no Journal of the National Cancer Institute, afirma que o risco de doença cardíaca em consequência da terapia contra o câncer aumenta com a idade, embora afete pessoas de qualquer faixa etária. Por esse motivo, após o tratamento e até mesmo após a cura do câncer, o acompanhamento médico deve continuar. Esse acompanhamento, segundo o especialista, é muito importante, não apenas com o oncologista, mas também com o cardiologista, que poderá observar de perto ou até mesmo descartar eventuais consequências desses tratamentos.