Risco de câncer da próstata é maior para negros, diz estudo


sexta-feira outubro 3, 2008

Pesquisa realizada em homens ingleses aponta chance maior de desenvolver a doença.

Homens negros que vivem na Inglaterra correm risco três vezes maior de sofrer de câncer da próstata do que brancos, segundo estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Bristol.

Os negros também tendem a ser diagnosticados cinco anos mais cedo, de acordo com a análise de todos os casos registrados nas cidades inglesas de Londres e Bristol.

O responsável pelo estudo da Universidade de Bristol, Chris Metcalfe, diz que estas são as primeiras evidências produzidas na Grã-Bretanha sobre diferenças entre índices de câncer da próstata em negros e brancos.

Segundo o especialista, suspeitava-se anteriormente que homens negros demoravam mais para procurar o médico – por isso, o estágio mais avançado da doença quando finalmente diagnosticada.

“A evidência indica que os negros estavam, na verdade, se apresentando antes”, afirma Metcalfe. “Há muito poucos fatores de risco conhecidos para o câncer da próstata, mas está começando a parecer que ser negro é um fator de risco.”

ONGs ligadas ao câncer afirmam que a descoberta pode resultar em uma melhor assistência para grupos sob maior risco.

Análise

Os pesquisadores dizem que especialistas americanos já haviam relatado um maior índice de câncer de próstata entre negros.

De acordo com artigo publicado pelos pesquisadores na revista científica British Journal of Cancer, os resultados não podem ser explicados por questões como o acesso a exames diagnósticos, conhecimento sobre a condição ou programas de testes preventivos.

Durante o estudo, não ficou claro inicialmente se havia uma incidência “genuinamente” maior de câncer de próstata em negros ou se eles simplesmente tinham mais chance de ser diagnosticados.

Mas quando os registros médicos foram analisados detalhadamente, os pesquisadores verificaram que negros e brancos tinham níveis parecidos de conhecimento sobre o câncer da próstata e sintomas semelhantes.

Eles também demoraram mais ou menos o mesmo tempo para consultar um clínico geral. No entanto, foram encontradas evidências de que negros tinham maior probabilidade de fazer o teste PSA (sigla em inglês para antígeno prostático específico) antes de apresentar qualquer sintoma.

O PSA não é um teste para diagnosticar o câncer, mas pode indicar anormalidades.

Suscetibilidade

Ao comentar as razões pelas quais homens negros estariam sendo diagnosticados mais cedo, os pesquisadores dizem que há uma maior probabilidade de que o câncer da próstata em pessoas mais jovens seja resultado de uma maior suscetibilidade biológica à doença.

Os especialistas estão agora realizando mais pesquisas para ver se há diferenças nos índices de sobrevivência apresentados pelos dois grupos.

Estudos para verificar se os exames de PSA deveriam ser usados de forma rotineira para a identificação de novos casos também estão sendo realizados e há a possibilidade de que os testes sejam recomendados para grupos de alto risco.

Joanna Peak, representante da entidade beneficente britânica Cancer Research UK, que incentiva pesquisas na área, afirma que o câncer de próstata é o mais comum entre homens britânicos.

“O estudo indica que há uma diferença biológica real entre grupos étnicos, e esse conhecimento pode potencialmente levar a tratamentos melhores para homens sob maior risco”, diz Peak.

“Recomendamos a todos os homens que visitem seus clínicos gerais se estiverem apresentando qualquer sintoma possível de câncer da próstata, por exemplo, problemas ao urinar”, acrescentou Anna Jewell, da entidade beneficente The Prostate Cancer Charity.

“Isso demonstra a necessidade de continuarmos a trabalhar para elevar a consciência sobre os maiores riscos de câncer da próstata entre os homens negros”, completou Jewell.