Problemas vocais atingem cada vez mais pessoas, especialmente professores
sexta-feira junho 25, 2010
Professores de cursinho já utilizam o recurso há muito tempo. Os professores universitários, com o aumento das turmas nas salas de aula, também foram obrigados a adotá-lo. O microfone hoje em dia é um instrumento primordial para proteger a saúde das cordas vocais. As salas ficaram mais silenciosas? Ao contrário, quanto maior a turma, maior o vozerio nas aulas. O ambiente fica infestado de sons diversos e entre eles as lições dos professores. Na rua não é diferente. Em qualquer hora do dia é possível ouvir – mesmo sem querer – músicas, ofertas de produtos, jingles de propaganda. Nos carros que passam pela rua a história não é novidade: os hits do verão (e do inverno, outono e primavera) são “compartilhados” com todos ao redor. No ônibus, o cenário não é diferente: celulares tocam, rádios apitam e o motor grita. E as pessoas gritam mais alto ainda. O hábito é repetido em casa e da casa volta para a sala de aula. Quem sofre são as cordas vocais. “Vivemos em uma sociedade que prioriza o grito e isso é ruim, principalmente às cordas vocais. Além disso, quem grita deixa de usar a melodia da voz, que é mais contundente”. O alerta é da fonoaudióloga e professora da PUC-Campinas, Emilse Merlin Servilha, que há muito tempo pesquisa um dos profissionais mais lesados na voz: o professor. Com a ajuda de Sarah Bueno e Flávia Puccini, elas acabam de concluir a pesquisa feita com professores da rede pública intitulada O estilo de vida e os agravos à saúde e voz em professores e Desvantagens vocal em professores. Mais uma vez os resultados bateram: elevar a altura e a intensidade da voz pode causar sérias lesões à região da laringe, como o calo vocal, um problema recorrente principalmente entre os professores. Na ausência de recursos, como microfones e caixas de som nas salas de aula, o professor eleva a voz e, quando percebe, está gritando. Segundo a professora, a sociedade do grito também agride o ouvinte, que pode formar uma opinião errônea do seu interlocutor pelo tom de voz da conversa. “Voz é identidade, é o cartão de visita para os relacionamentos”, disse. Quem grita perde a chance de ser ouvido e, o pior, de ter uma boa imagem junto aos seus pares. Dicas para conservar a voz A água é o principal agente beneficiador, pois hidrata todo o corpo, fazendo que as pregas vocais tenham mais flexibilidade, facilitando a vibração. Deve ser ingerida em pequenos goles durante todo o dia e não somente em alguns períodos. O corpo deve ser hidratado frequentemente; caso contrário, não há eficácia. Deve-se evitar a ingestão de alguns alimentos antes de uma atividade vocal intensa, como chocolate e derivados de leite, que engrossam a secreção, dificultando a vibração das pregas vocais; os sucos cítricos e o café ressecam o trato vocal, principalmente para quem tem refluxo gastroesofágico; e os alimentos pesados (condimentados, de difícil digestão) dificultam a respiração trazendo consequências à fala. As bebidas gasosas devem ser evitadas também pelo fato de os gases dificultarem a livre movimentação do diafragma durante a respiração. Vale lembrar que os efeitos desses alimentos podem variar de organismo para organismo, não sendo regra para todas as pessoas. A ingestão de bebidas geladas traz mais consequências do que a de quentes, pois o nosso corpo tem uma temperatura de 37º C, em média. Se ingerirmos algo em torno dessa temperatura, não haverá nenhum problema quanto ao choque térmico. Ao contrário, uma bebida em torno de 0º C ingerida de uma hora para outra poderá causar um choque térmico. Portanto, para evitá-lo, antes de ingerir uma bebida muito gelada, segure-a na boca por uns 3 segundos antes de engolir, para que o corpo se acostume com a temperatura que será ingerida, evitando o “susto”! O ar condicionado pode interferir na voz, pois resseca o ambiente, deixando o ar mais seco e frio, contribuindo para o ressecamento do trato vocal e ocorrência de alergias. Dessa forma, ao entrar em algum lugar com ar condicionado, procure respirar pelo nariz e manter a boca fechada até que o corpo se acostume ao ambiente com a nova temperatura. E, é claro, esteja sempre com água por perto para aumentar a hidratação. A fumaça (fumo e poluição) também agride o sistema respiratório e as pregas vocais, causando irritação, pigarro, edema (inchaço), tosse e aumento das secreções e infecções. O álcool também irrita o aparelho fonador; por ter ação anestésica, contribui para que o interlocutor realize abusos vocais sem sentir seus efeitos. O mesmo acontece com o uso de pastilhas e sprays, os quais no momento da ingestão proporcionam um alívio imediato, pois também possuem efeito anestésico, mas, depois que esse efeito passa, trazem consequências drásticas para a voz