Problemas emocionais podem causar doenças de pele
quinta-feira julho 10, 2008
A dermatologia ganhou uma importante aliada no tratamento de diversas doenças de pele, como herpes, psoríase e vitiligo: a psicologia. Segundo estimativa da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a causa dos problemas de pele de nada menos do que um em cada três pacientes é emocional – como estresse, ansiedade e depressão. O fenômeno já ganhou até nome: psicodermatose.
“Psicodermatose é toda doença de pele causada por um componente psicológico. Se o indivíduo tiver predisposição genética, qualquer momento de estresse, como a demissão no trabalho ou a separação dos pais, por exemplo, pode desencadear reações como acne, vitiligo ou psoríase”, alerta Márcia Senra, coordenadora do departamento de psicodermatologia da SBD.
Segundo Patrícia Aguiar, coordenadora do núcleo de psicodermatologia da Sociedade Brasileira de Dermatologia do Rio de Janeiro (SBDRJ), os pacientes somatizam os momentos de tensão das mais diferentes formas. Dois exemplos clássicos de psicodermatose são o da estudante que tem acne bem às vésperas do vestibular e do funcionário que sofre com herpes labial quando perde o emprego.
“Na maioria das vezes, o médico começa a desconfiar de que se trata de psicodermatose quando a doença foge ao controle do tratamento convencional. Nestes casos, cremes e pomadas já não surtem mais efeito. Além disso, não é todo paciente que tem consciência desta relação de causa e efeito. Muitos, inclusive, não querem admitir que o problema é de cunho emocional”, afirma Patrícia.
A jornalista Rebeca Dorigo, 26 anos, é uma das que custaram a acreditar que a sua dermatite seborréica (caspa) era provocada por estresse. A primeira vez em que ela sentiu coceira no couro cabeludo foi há três anos, após desavença com a futura sogra. “Para piorar, um mês antes do casamento fiquei desempregada. Não havia pomadinha que desse jeito. Felizmente, voltei outra da lua-de-mel. Mesmo assim, ainda recorro a remédios para alergia e ansiedade. E procuro também tomar chás, florais de Bach e fazer shiatsu para aliviar as tensões”, diz.
Psicólogo é fundamental durante tratamento
Mas não é todo paciente que, a exemplo de Rebeca, tem consciência de que aquela irritação na pele é provocada por distúrbio emocional. Para Márcia, cabe ao dermatologista descobrir o que há por trás daquela aparentemente inofensiva coceirinha no braço. “O ideal é que o tratamento seja multidisciplinar. Afinal, é o psicólogo que vai ensinar ao paciente como enfrentar a real causa daquele problema.”
Quando não é detectado e, principalmente, tratado a tempo, o problema pode evoluir para quadros de automutilação. Márcia cita o caso da paciente que supostamente sofria de queda de cabelo. Um dia, ela descobriu que a própria paciente arrancava deliberadamente os tufos da cabeça. Já Patrícia relata o exemplo da paciente que, de tanto coçar a pele, chegou a formar verdadeiras feridas.
“O impacto do estresse na vida de uma pessoa é individual. Tudo depende da maneira como ela vai administrar o baque. A grande maioria nem desconfia que aquele problema de pele é causado por falta de dinheiro ou aborrecimento no trabalho. Nestes casos, cremes e pomada só surtirão efeito se integrados a outros tratamentos, como terapias em grupo ou remédios para depressão”, sentencia Márcia