População desconhece doença do coração como principal causa de morte


segunda-feira setembro 29, 2008

Pesquisa realizada pela Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo) mostra que os paulistas desconhecem que os problemas cardiovasculares são as principais causas de mortes no Estado. De acordo com a organização, o infarto é a principal causa de morte em São Paulo, seguida de derrames, câncer e causas externas –como as relacionadas à violência e ao trânsito, por exemplo. A população demonstrou desconhecer os dados e apontou a violência como a principal causa de morte no Estado.

Durante dois dias no mês de junho, 2.096 pessoas, entre 14 e 70 anos, foram entrevistadas em 85 cidades do Estado. O objetivo da pesquisa, realizada pelo Datafolha, foi documentar o grau de conscientização da população sobre os fatores de risco de doenças do coração.

“Apesar de ser a principal causa [doenças cardiovasculares], a população não percebe. O Estado tem maior nível de educação [do país], mesmo assim a população desconhece”, afirmou o diretor da divisão de pesquisas da Socesp, Álvaro Avezum.

Foram apresentados para os entrevistados dois tipos de questionamentos. Um em que questionava, no geral, a principal causa de morte, e outra que perguntava quais os fatores de risco que se associam a doenças cardiovasculares. O que mais foi citado, segundo Avezum, foi o tabagismo –32%. “Isso significa que 68% da nossa população no Estado não identifica o cigarro como fator de risco cardiovascular. É muito pobre o conhecimento, bem abaixo do que gostaríamos que a população tivesse”, afirmou o médico.

Pesquisas realizadas na América Latina apontam que os fatores de risco que mais levam aos problemas no coração são, em primeiro a obesidade abdominal, seguida de tabagismo e alterações do colesterol.

De acordo com a pesquisa, a população praticamente ignora os principais contribuintes das doenças cardiovasculares. Depois dos 32% que disseram acreditar que o cigarro é o que mais mata aparecem 18% que apontaram como maior causa da pressão alta, 17% citaram o alcoolismo, 16% sedentarismo e somente 15% apontaram o colesterol como principal fator.

“O grau de conscientização sobre os fatores é inferior a 30%. Significa que 70% da população do Estado não reconhece os fatores de risco associados a infartos, derrames, que são responsáveis por mortes no Estado”, disse Avezum.

Segundo o médico, a Socesp não imaginava que detectaria níveis tão baixos de conhecimento sobre problemas do coração. Para a organização, a falta de campanhas adequadas sobre os riscos de doenças cardíacas e a maior divulgação de casos de violência.

“Para mudar [de hábitos], a população tem de conhecer. Quem desconhece, não vai buscar prevenção”, afirmou o médico.

Mortes

Por ano, no Brasil, cerca de 300 mil pessoas sofrem infarto, segundo Avezum. Um quarto desse volume é do Estado de São Paulo.

A cada dez pessoas que infartam, três morrem em casa ou a caminho do hospital. Dos sete que chegam ao hospital, um morre. Dos seis que recebem alta hospitalar, um morre em um ano. “Ou seja, é uma doença que mata metade de suas vítimas”, explica o médico.

De acordo com Avezum, se houver a prevenção da obesidade, evita-se 46% dos casos de infarto, ou seja, cerca de 140 mil casos a menos por ano. Se proibir o tabagismo no país diminuiria 38% no número de infartos.

“Evitando isso diminui o número de cirurgias, angioplastias, etc. O impacto é brutal”, afirmou Avezum.

Seis fatores que aumentam os riscos de doenças cardiovasculares e dois que diminuem são aceitos em todo mundo, segundo o médico.

Os elementos que contribuem para os riscos, na ordem, são a alteração do colesterol –LDL alto, chamado de colesterol ruim, e o HDL baixo, chamado de colesterol bom–, cigarro, diabetes, pressão alta, obesidade abdominal e estresse e/ou depressão.

Os fatores protetores são a atividade física regular, no mínimo três vezes por semana durante uma hora, e o segundo ponto é comer verduras e legumes diariamente.