Gripe na gestação pode aumentar o risco de o bebê ter esquizofrenia, sugere estu


segunda-feira março 15, 2010

Os filhotes de macacos rhesus cujas mães tiveram gripe na gestação apresentam menores cérebros e outras mudanças cerebrais similares àquelas observadas em pacientes humanos com esquizofrenia, segundo estudo da Universidade de Wisconsin-Madison e da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Recentemente publicado na revista Biological Psychiatry, o estudo é o primeiro a avaliar o efeito da gripe durante a gestação de macacos, e seus resultados apoiam testes anteriores com ratos que sugerem que esse tipo de infecção pode aumentar os riscos de esquizofrenia nos filhotes.


De acordo com os autores, apesar de a infecção de gripe nos animais ter sido relativamente leve, ela teve um efeito significativo sobre o cérebro dos filhotes. “Enquanto esses resultados não são diretamente aplicáveis aos humanos, acredito que eles reforçam a ideia, como recomendado pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças, que a gestante deve receber vacinas contra a gripe antes que fique doente”, explicou a pesquisadora Sarah J. Short, líder do estudo.


No estudo, 12 macacas foram infectadas com um vírus leve da gripe A durante a gestação, enquanto outras sete ficaram saudáveis para comparação. Analisando os filhotes com um ano de idade, os cientistas perceberam que aqueles nascidos de animais infectados com a gripe não apresentaram sinais diretos de exposição viral e tinham medidas normais de peso ao nascer, tamanho, e de resposta endócrina, comportamental e neuromotor. Porém os exames de ressonância magnética revelaram que esses animais tinham significativas reduções no tamanho geral do cérebro, na “massa cinzenta” – especialmente em áreas chamadas giro do cíngulo e lobo parietal – e na “massa branca”.


De acordo com os autores, o cíngulo é importante para diversas funções cognitivas relacionadas às emoções, ao aprendizado, à memória e ao controle executivo desses processos e na tomada de decisão. Além disso, essa estrutura cumpre um papel na regulação de processos autonômicos, como a pressão sanguínea e o controle respiratório. O lobo parietal, por sua vez, integra as informações de todos os sentidos e é importante na combinação das informações visuais e espaciais.


“As mudanças cerebrais que encontramos nos bebês macacos são similares ao que tipicamente vemos na imagem de ressonância magnética de humanos com esquizofrenia”, disse o pesquisador John H. Gilmore. “Isso sugere que bebês humanos cujas mães têm gripe na gestação podem ter maior risco de desenvolver esquizofrenia mais tarde do que os bebês cujas mães não têm gripe. Normalmente, esse risco afeta cerca de um a cada 100 nascimentos. Estudos em humanos sugerem que, para bebês expostos à gripe, o risco é de dois a três por 100 nascimentos”, concluiu.