Dor de cabeça Problema que afeta mais mulheres que homens


sexta-feira abril 4, 2008

Quem nunca sentiu uma dor de cabeça na vida? Pois saiba que 90% da população adulta mundial sofre de cefaléia (do grego cefalalgia, que significa dor de cabeça) ao longo da vida, em caráter eventual, e cerca de 40% com regularidade. Os dados são de uma pesquisa científica, de autoria da médica dinamarquesa Dirthe Krogh Rasmussen, do departamento de neurologia do Hospital Hilleroed e especialista em epidemiologia da cefaléia. A dor de cabeça, segundo o estudo, acomete 99% das mulheres e 93% dos homens.


Se você pensa, porém, que a raiz do problema está nas mãos apenas de um neurologista, é bom se preparar, pois seu desconforto pode aumentar na busca de uma solução. Os estudos mostram que a dor vai além das têmporas e da fronte. Pode estar no maxilar, no pescoço, na face e até mesmo nos dentes. Portanto, o alívio também é assunto para dentistas e fisioterapeutas, entre outros especialistas.


Uma equipe multidisciplinar pode traduzir melhor os 145 tipos diferentes de dor de cabeça, classificados pela Sociedade Internacional de Cefaléias. Felizmente, a maioria das pessoas tem dores de cabeça leves, que nem sempre exigem a ida ao médico. Um analgésico, vendido em qualquer farmácia, pode espantar a dor.


De acordo com o neurologista Ariovaldo Alberto da Silva Júnior, vice-presidente da Sociedade Mineira de Cefaléia, as dores de cabeça podem ser primárias, devido a alterações funcionais do sistema nervoso, ou secundárias, por causa de problemas estruturais orgânicos, como sinusite, tumor cerebral e ruptura de aneurisma. “A enxaqueca é o tipo de cefaléia primária que mais freqüentemente leva o indivíduo a procurar assistência médica.” Em sua tese de mestrado – Prevalência e fatores de risco da enxaqueca no município de Capela Nova – defendida em dezembro de 2007, na Universidade Federal Fluminense (UFF), ele encontrou dados surpreendentes entre os moradores da cidade, com idades acima de 10 anos. “A enxaqueca acomete 18% da população, sendo 3,5 vezes mais mulheres e 2,6 vez mais entre os casados. E é quatro vezes mais comum em pessoas que têm curso superior.”


Estudos recentes também têm demonstrado que a enxaqueca está associada às disfunções temporomandibulares (DTM). Elas provocam alterações nos músculos da mastigação e nas articulações do maxilar, podendo se manifestar com dor e/ou com desordens na função de mastigar, como estalos, cliques e travamento da boca ao abrir. No ambulatório de cefaléia do Serviço de Neurologia do Hospital das Clínicas da UFMG, uma equipe multidisciplinar, composta por neurologistas, neuropsicólogos, dentistas e fisioterapeutas, apresentou, em dezembro de 2007, um trabalho no Congresso da Academia Americana de Cefaléia, em Chicago, nos Estados Unidos, com um dado que revela essa nova realidade: 80% das pessoas com enxaqueca apresentavam algum tipo de DTM.


Em tratamento médico por causa de uma enxaqueca torturante há mais de quatro anos, Shirley da Conceição Santos, de 27 anos, acaba de ser encaminhada a um dentista por seu neurologista. Além das crises freqüentes de cefaléia, que são antecedidas por náuseas, dormência e arrepios, ela tem uma dor constante no pescoço, típica de DTM.