Brasil enfrenta infecções em serviços de saúde
sexta-feira maio 16, 2008
De cinco a dez por cento dos pacientes no mundo admitidos em hospitais contraem uma ou mais infecções. A afirmação foi feita nesta segunda-feira, pelo representante da Organização Panamericana de Saúde (Opas), José Maria Pérez Gallego. Ele participou da abertura do II Seminário Nacional de Prevenção e Controle de Infecção em Serviços de Saúde, promovido pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa), em Brasília.
No Brasil, não existem indicadores nacionais sobre infecção em serviços de saúde. “A Agência disponibiliza o Sistema Nacional de Informações para Controle de Infecção em Serviços de Saúde (Sinais), que oferece aos gestores de saúde e hospitais brasileiros um instrumento para o aprimoramento das ações de prevenção e controle das infecções”, esclarece o gerente de Investigação e Prevenção das Infecções e dos Eventos Adversos, Leandro Queiroz Santi.
Um dos temas em discussão no seminário é a Portaria 2616/98, que prevê, entre outros dispositivos, que os estados tenham Coordenações de Controle de Infecção Hospitalar e que cada hospital conte com uma comissão. Atualmente, oito estados ainda não possuem coordenações: Santa Catarina, Acre, Roraima, Amazonas, Rio Grande do Norte, Amazonas, Sergipe e Alagoas.
De acordo com Santi, 80% dos hospitais do país já têm suas comissões de controle de infecção hospitalar, mas, destes, na média geral, metade tem indicadores confiáveis. “O maior problema é a diversidade de metodologia de levantamento de dados”, esclarece Santi.
A principal proposta de alteração na legislação é que todo o trabalho das instituições terá que ser planejado e executado dentro de um programa que levará em consideração as realidades regionais. Os hospitais que não instalarem e colocarem em prática as comissões de controle de infecção não terão as licenças renovadas.
Infecção Neonatal
O diretor da Anvisa Cláudio Maierovitch destacou que a redução dos índices de infecção neonatal é uma das prioridades do Pacto pela Vida, coordenado pela Ministério da Saúde. “Segundo estimativa do banco de dados do Sistema Único de Saúde, 60% da mortalidade infantil no Brasil ocorre no período neonatal”, informou o diretor. Em 2005, 1.620 mulheres e 34.382 recém–nascidos morreram por complicações na gravidez ou parto no Brasil.
Para Maierovitch, é fundamental uma melhoria na qualidade para reduzir estes índices. A Anvisa prepara o “Manual sobre Definição dos Critérios Nacionais de Infecções relacionadas à Assistência à Saúde em Neonatologia”. A proposta está sendo elaborada a partir de uma Consulta Pública, encerrada este mês.
Participam do II Seminário Nacional de Prevenção e Controle de Infecção em Serviços de Saúde representantes das Vigilâncias Sanitárias de todo o país e dos hospitais-sentinela. O evento vai até a próxima quinta-feira, 15 de maio, Dia Nacional de Controle de Infecção Hospitalar.