Asma pode depender de como, quando e onde o bebê nasce


quarta-feira dezembro 10, 2008

Como, quando e onde uma criança nasce tem um papel importante no risco de desenvolver asma, sugerem novos estudos.

A asma ocorre quando vias aéreas nos pulmões entram em espasmo e aumentam, restringindo o abastecimento de oxigênio. A incidência de asma nos Estados Unidos tem crescido regularmente por mais de duas décadas. Cerca de 6% das crianças americanas têm asma hoje, contra menos de 4% em 1980, segundo os Centros para o Controle e Prevenção de Doenças.

A razão para o aumento não está inteiramente clara. A genética provavelmente tem um papel importante no risco da asma, mas uma variedade de fatores ambientais – como pólen, poeira, pêlos de animais, mofo, fezes de barata, cigarro, poluição do ar, vírus e ar frio – têm sido associados ao desenvolvimento da asma.

Este mês, o “The American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine” informa que crianças nascidas no outono têm um risco 30% maior de desenvolver asma do que aquelas nascidas em outras estações do ano. A descoberta se baseou em uma análise de registros de nascimento e registros médicos de mais de 95 mil crianças no Tennessee.

Uma possível explicação é que bebês nascidos no outono têm cerca de 4 meses de idade no auge da estação da gripe e do resfriado. Nessa idade, muitos bebês estão na creche e são expostos regularmente ao mundo exterior.

Ao mesmo tempo em que seus pulmões estão em desenvolvimento, eles ainda têm que desenvolver sistemas imunológicos fortes. Como resultado, bebês do outono têm riscos específicos de contrair um grave vírus do inverno, que por sua vez pode aumentar os riscos de asma.

A pesquisadora responsável pelo estudo, Tina V. Hartert, diretora do Centro para Pesquisa da Asma e Saúde Ambiental da Vanderbilt University, diz que alguns pais com alto risco familiar de asma devem considerar controlar a concepção para evitar um nascimento no outono.

No entanto, como isso é impraticável para muitas pessoas, afirma Hartert, todos os pais deveriam tomar precauções para reduzir o risco do bebê de contrair uma infecção respiratória.

“É prematuro afirmar que você deve controlar a concepção para que o bebê não nasça no outono”, ela disse. “Mas é sensato fazer uso de medidas comuns de higiene para tentar prevenir doenças”.

Em relação à forma como o bebê nasce, pesquisadores suíços relaram no jornal Thorax deste mês que um parto de cesariana está associado a um risco muito mais alto de asma em relação a bebês de parto normal.

Em um estudo realizado com quase 3 mil crianças, os pesquisadores descobriram que 12% receberam diagnóstico de asma até os 8 anos de idade. Nesse grupo, aqueles nascidos por cesariana tiveram 80% mais chances de desenvolver asma do que os outros. A explicação pode ser que o parto normal “prepara” o sistema imunológico do bebê ao expô-lo a bactérias à medida que ele se move através do canal vaginal.

Finalmente, pesquisadores da Universidade Tufts informaram no mês passado no The Journal of Asthma que o local de nascimento de um bebê também influencia no risco de asma. Em um estudo com famílias negras em Dorchester, Massachusetts, cientistas descobriram que bebês nascidos nos Estados Unidos tiveram mais tendência a desenvolver asmas do que bebês negros nascidos fora do país.

A razão para essa disparidade não está clara, mas as condições de esterilização que envolvem o nascimento de bebês americanos podem ser um fator. Bebês em países em desenvolvimento encontram mais infecções, logo podem estar mais preparados para tolerar problemas menos sérios associados com a asma, como mofo e poeira.