ENDOCARDITES
quarta-feira fevereiro 16, 2011
O que são endocardites? Endocardite é o nome dado às afecções, infecciosas ou não, do endocárdio.
O coração é formado por três camadas: o pericárdio é a externa, o miocárdio é a medial e o endocárdio é a interna, da qual fazem parte as válvulas cardíacas.
A maioria das endocardites tem uma origem infecciosa e os microorganismos mais freqüentemente causadores dessa doença são:
bactérias
fungos
micobactérias
riquetsias
clamídias
micoplasmas
Os agentes mais comuns são:
estreptococos
estafilococos
enterococos
alguns germes gram-negativos
Também existem reações inflamatórias do endocárdio provocadas por doenças auto-imunes, nas quais não encontramos um agente infeccioso na reação inflamatória do endocárdio.
A endocardite se localiza preferencialmente nas válvulas do coração, mas pode ser encontrada em qualquer parte do endocárdio, podendo ser classificada em aguda e subaguda.
A aguda se caracteriza pela intensa toxicidade e rápida progressão, podendo evoluir em dias para a morte. Costuma provocar infecções à distância, como no cérebro, rins, pulmões, fígado, olhos. O agente etiológico mais comum é o estafilococos aureus.
Já a subaguda tem a evolução mais lenta, persistindo por até meses e, na maioria dos casos, é causada por Estreptococos viridans, enterococos, estafilococos coagulase negativos ou bacilos gram-negativos.
A endocardite pode atingir as pessoas em qualquer idade e os sintomas e sinais principais são:
febre de longa duração
suores noturnos persistentes
astenia, baço aumentado de volume
alterações cardíacas, como o agravamento súbito de uma doença cardíaca previamente existente.
O que favorece o aparecimento de endocardites ?
As pessoas portadoras de lesões valvulares do coração, congênitas ou adquiridas, são as mais propensas a apresentarem a doença. Contudo, a endocardite também ocorre em pessoas que não tenham lesões cardíacas.
As endocardites surgem principalmente depois de procedimentos invasívos, em que há a invasão do organismo, como cirurgias, extrações dentárias, colocação de sondas, manipulação de abscessos (cuidado com espremer espinhas ou furúnculos!). Em alguns grupos, a metade dos casos encontrados de endocardite é em pessoas que fizeram ou fazem uso de drogas injetáveis.
Um outro grupo de pessoas seguidamente acometido de endocardite encontra-se entre os que foram submetidos a cirurgia cardíaca. Existem trabalhos que relatam que até 30% das válvulas artificiais implantadas nos corações são atingidas por infecção.
Diagnóstico
O diagnóstico de endocardite é feito principalmente quando existe um alto índice de suspeita do médico naqueles pacientes que tenham febres prolongadas e sem um outro diagnóstico que explique a elevação da temperatura. A história de procedimentos cirúrgicos, dentários e uso de drogas aumentam a suspeita. Para um diagnóstico de endocardite, o médico se vale de um bom exame clínico do sistema cardiovascular, no qual se destacam o surgimento ou a alteração em sopros anteriormente existentes, o aumento do baço, alterações ecocardiográficas e culturas do sangue.
Atualmente, um dos exames que mais auxilia para o diagnóstico de endocardite é a ecografia trans-esofágica. Em um grande número de casos, não se consegue obter uma cultura positiva do sangue para identificar o agente causador da endocardite. Nos melhores laboratórios, que tenham acesso às técnicas mais apuradas, em cerca de 70 a 80% dos casos em que se colhe o sangue dos pacientes se consegue obter culturas positivas que identifiquem o agente etiológico. Uma das razões para a falta de identificação está no fato da maioria dos pacientes estarem recebendo antibióticos administrados às cegas, isto é, sem ter um diagnóstico etiológico confirmado.
Tratamento
O tratamento é feito com antibióticos em doses generosas e durante um tempo prolongado, em média 30 dias. Alguns pacientes, uma vez curada a infecção do coração, havendo alterações severas de válvulas, devem ser submetidos a troca cirúrgica dessa válvula. Denomina-se de endocardite hospitalar aquela que ocorre em pessoas tratadas em hospital, que não foram submetidas a procedimentos sobre o coração, e que tendo ou não uma lesão cardíaca ou uma válvula artificial, desenvolvem endocardite atribuída ao uso de agulhas ou cateteres infectados, instrumentação ou cirurgia de vias urinárias ou digestivas.
Microrganismos mais freqüentemente envolvidos na endocardite
Estreptococcus viridans
de 30 a 65% dos casos de endocardite não relacionados ao uso de drogas ilícitas, são causados por esse agente. Ele é um habitante normal das nossas vias aéreas e orofaringe. Essa endocardite é muito encontrada em portadores de lesões valvulares que foram submetidos a tratamentos dentários nos dias precedentes à descoberta de endocardite.
Estreptococcus bovis (e outros)
é geralmente um habitante normal do trato digestivo, estando envolvido em cerca de 27% dos casos de endocardite. É mais freqüente em pacientes portadores de câncer ou pólipos intestinais.
Estreptococcus pneumoniae
Embora esse germe seja muito encontrado no sangue dos portadores de infecções causadas por ele, só em 1 a 3% ele atinge o coração. É encontrado em alcoolistas e costuma estar associado a meningite e pneumonia.
Enterococcus
Em 85 % dos casos de endocardite provocada pelos enterococos, os responsáveis são e E. faecalis ou o E. faecium. São habitantes normais do trato digestivo e urinário e os casos de endocardite por eles causados costumam ser em pessoas jovens, principalmente em mulheres jovens e homens idosos, como conseqüência da manipulações do trato genitourinário.
Estafilococos
O E. aureus dos coagulase positivos e o E. epidermidis entre os coagulase negativos, são os mais encontrados em casos de endocardite provocados pelo uso de sondas, drenos e próteses de uso hospitalar.
Fungos
Os fungos podem estar envolvidos em casos de endocardite, bacteriana ou não, que se caracterizam por lesões vegetantes de proporções maiores causando embolias. São particularmente encontrados em pacientes que tiveram válvulas cardíacas trocadas e em usuários de drogas ilícitas injetáveis.
Endocardite não bacteriana trombótica
Pode surgir em pacientes que tenham sofrido uma lesão no endocárdio e em portadores de doenças que se acompanham de hipercoagulabilidade do sangue. É mais encontrada em pessoas idosas, em portadores de doenças malignas, lesões de válvulas, portadores de lupus eritematoso sistêmico e em pacientes que tiveram cateteres implantados em procedimentos hospitalares. Esse tipo de endocardite chega a ser detectado em l,3% das necrópsias.
Sintomas e sinais
Sintomas de endocardite, mais freqüentes:
Calafrios – 40 a 70%
Suores, principalmente noturnos – 25%
Emagrecimento – 25 a 35%
Falta de ar – 20 a 40%
Tosse – 25%
Confusão mental – 10 a 20%
Dores diversas – 5 a 35%.
Sinais de endocardite, os mais freqüentes:
Febre – 80 a 90%
Sopro no coração – 80 a 85%
Mudanças dos sopros cardíacos – 10 a 40%
Agravamento súbito de doença cardíaca preexistente – 30%
Alterações neurológicas – 30 a 40%
Embolias arteriais ou pulmonares – 20 a 40%
Aumento do baço – 15 a 50%
Manifestações periféricas – 5 a 40% (em pele, unhas, fundo do olho)
É importante saber que qualquer endocardite necessita do acompanhamento urgente de um médico para orientar o diagnóstico e o tratamento.