Atividades físicas em crianças com limitações físicas
quinta-feira dezembro 16, 2010
Um estudo feito por Nancy Spencer-Cavaliere, pesquisadora da Universidade de Alberta, EUA, e publicado no periódico Physical Activity Quarterly, entrevistou crianças com algum tipo de limitação física e mapeou seus sentimentos sobre a inclusão e a rejeição em atividades que incluíam recreação, jogos e algum tipo de esporte.
“As crianças eram convidadas a imaginar situações em que crianças fictícias – personagens criadas com os pesquisadores – tinham problemas parecidos com os delas”, descreve a pesquisadora. Nas histórias, o sentimento de rejeição por não serem convidadas – ou mesmo proibidas – para participar de um jogo ou brincadeira ficaram evidentes. “Isso só comprovou que esse tipo de ambiente é realmente desafiador para essas crianças, e pode influenciar no seu desenvolvimento saudável”, explica.
Até mesmo os professores se mostraram uma figura que poderia ajudar a aliviar esse sentimento de rejeição, porém as entrevistas mostraram que havia uma distância desses indivíduos quando era necessário chegar a uma resolução desse tipo de problema.
“Quando esse tipo de problema era resolvido de forma apropriada, os sentimentos relacionados pelos participantes eram de ‘legitimação’”, indica Spencer-Cavaliere. “Fazer parte do jogo ou da brincadeira trazia à tona o sentimento de que elas tinham valor”, diz.
Outro ponto importante analisado pela pesquisa foi o quanto os círculos sociais eram importantes para essas crianças. Ter alguém em quem confiar, para elas, permitia que tivessem menos preocupações com suas performances e maior foco no prazer do jogo ou da brincadeira, momentos que eram descritos como muito excepcionais e que aumentavam o sentimento de bem-estar físico e mental.
“É interessante que quando se discute inclusão, dificilmente as pessoas mencionam a educação física como algo importante”, diz a pesquisadora. “Isso pode indicar que as pessoas não consideram isso algo inclusivo ou que a inclusão seja pensada por adultos e as brincadeiras fazem parte do mundo das crianças, e apenas elas devem decidir as regras sobre esse tipo de comportamento” aponta Spencer-Cavaliere.
Esse tipo de atitude – deixar as crianças regularem as regras para brincadeiras e jogos – pode comprometer as crianças com algum tipo de limitação física, pois elas acabam dependendo de indivíduos não necessariamente maduros ao ponto de entender e promover a integração com as pessoas diferentes.
“Todas as crianças precisam se sentir incluídas, independentemente de terem ou não limitações físicas, e as escolas precisam ensinar as crianças a fazer escolhas legítimas nessa direção, experimentando variações nas atividades físicas e não se limitando a reproduzir regras preestabelecidas”, finaliza.