Prevenindo as Doenças Cardiovasculares
sexta-feira outubro 24, 2008
As doenças cardiovasculares adquiriram uma maior importância durante o século XX, com o aumento da expectativa de vida da população em geral. Por exemplo, nos Estados Unidos no ano de 1900, a expectativa de vida era de 47 anos; este número aumentou para 73 anos em 1999. E no Brasil, segundo o IBGE, quem nasceu no ano 2000, poderá esperar de ter uma vida média de 68,6 anos.
Por outro lado, a urbanização que aconteceu nos países desenvolvidos no século XX e que chegou ao Brasil, trouxe consigo alguns problemas, como uma menor atividade física, uma alteração nos hábitos alimentares com um maior consumo de gorduras, tabagismo e estresse.
Este aumento da expectativa de vida, juntamente com os problemas decorrentes da mudança no estilo de vida das pessoas, acabou por determinar um aumento na incidência das doenças cardiovasculares, que surgem mais freqüentemente após os 50 anos de idade
Fatores Predisponentes e Fatores Adquiridos
Existem fatores predisponentes para as DCV que não se conseguem modificar. Entre eles, citamos:
– Hereditariedade – existem fatores familiares entre as doenças cardiovasculares; algumas famílias apresentam maior incid6encia de doenças coronárias e de hipertensão, por exemplo
– Sexo – As DCV seguem sendo mais comuns no sexo masculino; nas mulheres na pós-menopausa/após histerectomia observa-se um aumento na incidência
– Idade – Elas são mais freqüentes após os 50-60 anos de idade
– Raça – A hipertensão arterial é mais comum na raça negra
Já outros fatores são adquiridos ou podem ser controlados:
– Fumar cigarros: o tabagismo é um fator muito importante na gênese da aterosclerose (deposição de gorduras nas paredes internas das artérias), além de ter uma relação com a hipertensão arterial
– Hipertensão arterial: apesar da maioria dos casos de hipertensão terem uma origem inerente ao próprio indivíduo, ela pode e deve ser CONTROLADA com dieta, medicamentos e exercícios
– Hiperlipidemia: o aumento das gorduras no sangue também costuma ter uma origem familiar mas pode ser controlada
– Diabetes: idem, como acima
– Obesidade: pode também ser alterado, com um programa de dieta e exercícios físicos
– Sedentarismo: idem, pode ser modificado, pois é um hábito adotado
– Ansiedade/Estresse: são problemas que podem ser modificados de várias maneiras
As doenças cardiovasculares causam 12 milhões de mortes em todo o mundo a cada ano. Além disso, tem uma grande possibilidade de causar incapacidade nos indivíduos, como as como seqüelas de infarto do miocárdio seguido de insuficiência cardíaca, derrames cerebrais, amputações de membros inferiores por gangrena, etc). As seqüelas acontecem em cerca de 20 a 30% dos indivíduos acometidos pelas DCV.
A Aterosclerose
A maioria das DCV encontradas no adulto estão basicamente relacionadas com a aterosclerose. Nesta doença, ocorre um acúmulo de gorduras nas artérias, que vão se obstruindo progressivamente, com maior ou menor velocidade. Menos sangue passa por estas artérias ocluídas. O processo se inicia ainda na infância, e já foi detectado até mesmo em bebês. Mas na maioria dos casos as suas conseqüências irão se manifestar após os 40-50 anos, através do surgimento de doenças coronarianas, derrames cerebrais, hipertensão, e doença arterial obstrutiva dos membros.
Alguns fatores são capazes de alterar a parede interna das artérias, levando a uma espécie de “inflamação” no local – estes fatores interagem com as gorduras circulantes no sangue (favorecendo a deposição nas “placas” e com células do sangue), aumentando a sua aderência. Outros fatores acabam por aumentar a viscosidade do sangue, que fica mais “grosso”. Por exemplo, o excesso de gorduras no sangue e o tabagismo favorecem a deposição das placas, além de poderem alterar a viscosidade do sangue.
No caso das doenças em que há elevação das gorduras no sangue, a aterosclerose acontece quando os níveis de colesterol sanguíneo superam a capacidade do organismo de retirar colesterol da circulação, o que faz com que as gorduras sejam depositadas na parede da artéria.
O Cigarro
As artérias têm uma camada “elástica” nas suas paredes. A nicotina e outros elementos do cigarro fazem com que esta camada se contraia, portanto passando menos sangue pelo interior da artéria. Esta constrição, nas pequenas artérias, é um mecanismo ligado também à hipertensão arterial.
Um outro efeito do cigarro é que as suas substâncias causam uma irritação da parede interna dos vasos, favorecendo a deposição de “grumos” de células sanguíneas e gorduras. Ocorre ainda um aumento da viscosidade do sangue secundário ao uso do cigarro, favorecendo as tromboses.
A Hipertensão Arterial
O aumento da resistência no interior dos vasos periféricos acaba, ao longo do tempo, por sobrecarregar o coração, rins e cérebro. No coração, os pacientes hipertensos não-controlados correm o triplo do risco de desenvolverem isquemia miocárdica (angina ou infarto) e sete vezes mais chances de apresentarem um derrame cerebral – dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia. O aumento da resistência nos vasos acaba ao longo do tempo por sobrecarregar o coração, levando à sua hipertrofia e aumento.
Outros problemas decorrentes da hipertensão relacionam-se com a presença de aneurismas (dilatações) nas grandes artérias, principalmente na aorta.
Pacientes com maior probabilidade de desenvolverem DCV
– Tabagismo (se o paciente está fumando)
– Hipertensão arterial (PA>140/90 mmHg)
– LDL colesterol (>160 mg/dl) – este é chamado muitas vezes de mau cholesterol, pois é o que se deposita na parede vascular
– HDL colesterol (<35 mg/dL)
– Diabetes mellitus (glicose plasmática >120mg/dL) – no diabetes, a deposição de gorduras na parede das artéwrias se encontra facilitada, além de ocorrerem oclusões distais em vasos muito pequenos nas extremidades inferiores (chamado de “micro-circulação”)
Prevenção em geral das DCV
– Siga as recomendações de seu médico em relação a dieta, atividade, exercício físico, medicação, controle de pressão arterial, e consultas de controle
– Não interrompa os medicamentos prescritos – isso pode ser particularmente perigoso nos pacientes hipertensos, diabéticos, e nos portadores de angina
– Não fume – o risco de eventos cardiovasculares aumenta muito. Mesmo se você parar de fumar, irão demorar alguns anos até que o seu risco cardiovascular se iguale a de uma pessoa que nunca fumou. Entretanto, parar de fumar é extremamente vantajoso ao diminuir a pressão arterial e a viscosidade (aderência) do sangue, que é um fator importante no surgimento das tromboses intravasculares
– Mantenha o seu nível de colesterol e triglicérides normal, mesmo que isso implique em usar medicamentos – pessoas acima de 20 anos devem determinar seus níveis de colesterol a cada cinco anos, e todas as pessoas com aterosclerose devem acompanhar o seu colesterol
– Se você for diabético, mantenha a glicose sob controle
– Reveja sua história familiar e seus hábitos de vida com seu médico. Desta maneira você conseguirá verificar quais são as melhores maneiras de diminuir o seu risco.
– Se você tiver uma história familiar forte para DCV, ter uma vida saudável irá retardar ou impedir o processo
– Siga as orientações de dieta e exercícios para o resto de sua vida. Se você abandonou o cigarro, não volte a fumar.
– Evite o estresse – procure ter um bom relacionamento com a família e no trabalho. Tire férias regularmente. Hoje está documentada a relação entre as DCV e a ocorrência do estresse
– Controle o peso. A obesidade favorece a hipertensão, o diabetes, e pode alterar as gorduras sangüíneas
– Faça check-ups regulares (a cada ano se você tem mais de 50 anos). Procure o médico em caso de dor precordial do tipo angina.