Casos de anorexia aumentam entre homens, afirma especialista


quarta-feira junho 18, 2008

Entre 1992 e 2007, ambulatório da USP atendeu apenas três rapazes.
Só em 2008, 20 homens já buscaram atendimento no centro.

O maior ambulatório para tratamento de transtornos alimentares da América Latina, o Ambulim, da USP (Universidade de São Paulo), inaugurou neste ano uma ala exclusiva para o tratamento de pacientes do sexo masculino. A decisão foi tomada após os especialistas do centro detectarem um aumento significativo de casos de anorexia, bulimia e compulsão alimentar em homens.

“O Ambulim existe desde 1992. De lá até 2007, atendemos cerca de 1900 meninas e três rapazes. Em 2008 apenas já foram 20 rapazes”, revelou com exclusividade ao G1, o coordenador do ambulatório, o psiquiatra Táki Cordás.

O especialista acredita que o aumento se deve a vários fatores. É preciso levar em conta que os homens podem estar se conscientizando mais sobre o problema e buscando ajuda, em vez de manterem a doença escondida. Por outro lado, Cordás afirma que há sim um aumento considerável no número de casos masculinos.

“Os transtornos alimentares estão se espalhando como um todo. Os casos estão aumentando em crianças e em mulheres acima dos 40 anos – coisa que não se via no passado. E estão crescendo também entre os homens”, explica o médico.

Os transtornos alimentares sempre fizeram suas maiores vítimas entre as mulheres – mais de 90% dos pacientes com anorexia e bulimia são do sexo feminino. Os homens costumam aparecer mais nos casos de compulsão alimentar, com cerca de 30% dos casos.

Cordás acredita que o aumento no número de homens bulímicos e anoréxicos tem a ver com uma mudança no padrão estético. “Antigamente os homens mais másculos, mais fortes eram considerados os mais bonitos. Hoje está crescendo um padrão andrógino, assexuado, magro demais,” afirma. “Basta folhear uma revista de moda e observar os modelos masculinos,” diz ele.