Médicos querem traduzir os números do diabetes
terça-feira junho 10, 2008
Padronização de unidades facilitará a vida de médicos e pacientes.
Associação Americana de Diabetes oferecerá calculadora online.
Pesquisa demonstra a correlação entre dois indíces usados pelos médicos e diabéticos para controlarem a glicemia (açúcar no sangue). O controle é o objetivo dos pacientes e médicos que lidam com o diabetes.
Existem métodos de controle e resultados diversos. O mais direto é através de medição dos níveis de glicose no sangue. É um retrato da quantidade naquele momento.
Os médicos podem também lançar mão da medida da Hemoglobina Glicosilada que é a percentagem que representa quanto da hemoglobina, proteína presente nas células vermelhas do sangue, está ligada à glicose.
A medida da hemoglobina glicosilada traduz os níveis de glicose no sangue nos últimos dois ou três meses. No Brasil, a glicemia é apresentada em miligramas/decilitro e a hemoglobina glicosilada em percentual.
Segundo os especialistas reunidos em São Francisco, para o Congresso da Associação Americana de Diabetes, essa apresentaçào de duas medidas importantes em unidades diferentes traz uma dificuldade para os pacientes.
Os pacientes fazem o controle através de amostras de sangue, conhecem seus níveis de açúcar e devem correlacionar os resultados do dia-a-dia com o percentual da hemoglobina glicosilada que vêm em unidades diferentes.
Para tentar solucionar essa dificuldade foi realizado um estudo internacional que buscou estabelecer a correlação entre as duas formas de medição. Após estabelecida a correlação foi possivel descobrir uma equação matemática que transforma a medida da hemoglobina glicosilada em miligramas por decilitro, tal qual a medida direta da glicemia.
Foi necessária a conciliação de padrões estabelecidos pela Associação de Química, que padroniza os testes e resultados, para se chegar ao formato de apresentação em mg/dl da hemoglobina glicosilada.
João Régis Carneiro, da Sociedade Brasileira de Diabetes, confirmou que a possibilidade de expressar os dois resultados da mesma forma facilitará não só a vida dos pacientes mas também do médico que não é especialista e que precisa orientar um paciente diabético.
Muitas vezes esse profissional não está habituado a interpretar os resultados da hemoglobina glicosilada, porém precisa fornecer orientação a um paciente. É o que acontece, por exemplo, em uma cidade do interior que não dispõe de um endocriniologista.
Os laboratórios por sua vez, não deverão ter dificuldade em se adaptar, segundo Hélio Magarinos, do laboratório Richet. Os programas de computador que emitem os resultados poderão aplicar a fórmula às medidas da hemoglobina glicosilada e fornecer os dois valores aos médicos e pacientes.
A Associação Americana de Diabetes colocará em seu website uma calculadora virtual que permite aos pacientes e médicos fazerem a conversão dos valores.