Mulheres têm mais cuidado com a saúde, diz governo
quinta-feira abril 3, 2008
Pesquisa encomendada pelo Ministério da Saúde aponta que 43,4% dos brasileiros adultos estão com excesso de peso e o consumo de frutas, verduras e hortaliças é baixo no país. Segundo o Governo federal, apenas 17,7% da população adulta atende as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) de comer cinco porções diárias desses alimentos e 29% são sedentários. A conclusão dos pesquisadores é que o brasileiro precisa se preocupar mais com a saúde.
O mapa da saúde foi feito em 26 estados e no Distrito Federal, entre julho e dezembro de 2007, pelo Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), em parceria com o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (USP) e divulgado nesta quinta-feira (3).
O Ministério da Saúde informa que o estudo é feito anualmente, desde 2006, com pessoas com mais de 18 anos. “A idéia é, a partir desses dados, basear as políticas públicas de promoção à saúde e prevenção de doenças não transmissíveis”, explica a coordenadora do Vigitel, Deborah Carvalho Malta.
Além dos hábitos alimentares e da rotina de exercícios físicos, faziam parte do questionário perguntas sobre tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas, proteção contra raios ultravioletas, auto-avaliação do estado de saúde, diagnóstico de hipertensão e diabetes e, para as mulheres, exame de mamografia e preventivo de colo de útero (papanicolau).
Um aspecto importante do levantamento é que, em geral, as brasileiras têm cuidado mais da saúde, pois têm alimentação mais balanceada, fumam menos, são menos sedentárias, bebem menos e têm menos excesso de peso. Veja outros resultados:
Tabagismo
A pesquisadora Deborah afirma que o hábito de fumar está diminuindo entre os brasileiros. A pesquisa apontou que 16,4% dos brasileiros são fumantes.
A capital que mais registra fumantes é Porto Alegre (21,7% da amostra) e o local onde menos se fuma é Salvador (11,5% dos entrevistados se declararam fumantes).
A freqüência de fumantes cai entre homens e mulheres, após os 54 anos de idade, alcançando menor regularidade entre os indivíduos com 65 anos ou mais.
Excesso de peso e obesidade
O excesso de peso, considerado como fator de risco para a saúde, já atinge 43% dos brasileiros, de acordo com o estudo. “A situação é preocupante, o excesso de peso é um fator de risco para doenças do coração, diabetes e outras”, comenta a coordenadora do Vigitel.
Cuiabá concentra a maior parcela de adultos com excesso de peso (49,7%), tanto de homens (57%) adultos como de mulheres (42%). Palmas tem a menor concentração de “gordinhos” (33,4%).
O cruzamento de dados entre excesso de peso, grau de escolaridade e gênero revela que entre homens o maior número de indivíduos acima do peso está entre os de maior escolaridade, já entre mulheres o aumento do peso ocorre quanto menor a escolaridade.
Entre a população de todo o país, 13% estão obesos. Macapá concentra o maior porcentual de pessoas obesas (16%), seguido de Campo Grande (15%). A menor quantidade de obesos está em Palmas (8,8%).
Consumo recomendado de frutas, legumes e verduras (FLV)
O consumo recomendado pela OMS é de 400 gramas de frutas, legumes e hortaliças por dia, o que corresponde a cinco ou mais porções. Na maioria das cidades estudadas, observou-se um consumo reduzido dessa quantidade. No país todo, a freqüência foi de 17%. “Precisamos traçar estratégias para aumentar o consumo de frutas e verduras”, sugere a pesquisadora Deborah.
A maior regularidade no consumo desses alimentos foi encontrada em São Paulo (23% dos entrevistados revelaram ter esse hábito). Porto Velho foi a cidade com o menor percentual nesse item (10%).
Consumo de carne com gordura aparente
Praticamente um terço da população (ou 32,8%) afirma que consome carne com excesso de gordura aparente. A capital que mais consome esse tipo de alimento é Campo Grande (45%). Já Salvador é o local onde os entrevistados se alimentam menos de carne gorda (23%).
Consumo de leite integral
Mais da metade da população afirma que consome leite integral (53%). A menor ingestão dessa bebida foi verificada em Vitória (42%) e a maior, em Belém (64%). “O consumo de leite em adultos é uma importante fonte de cálcio, mas deve ser incentivada a opção de adotar o uso do leite desnatado, sem gordura, que previne doenças crônicas”, recomenda Deborah.
Consumo de refrigerantes
A freqüência de adultos que consomem refrigerantes cinco ou mais dias da semana variou de 21% em Aracaju a 38% no Macapá. No país todo 26,7% dos entrevistados bebem refrigerantes. Foi observado também que, quanto maior a escolaridade, menor o consumo de refrigerantes.
Atividade física e sedentarismo
O Ministério da Saúde afirma que o recomendado é realizar 30 minutos diários de intensidade leve ou moderada em cinco ou mais dias da semana. Mas, entre os brasileiros, apenas 15,5% afirmam que fazem exercícios regularmente. A freqüência varia entre 11,3% dos entrevistados em São Paulo e 20,5%, em Vitória.
A faixa etária dos homens que mais realizam atividades físicas é entre 18 e 24 anos. Entre mulheres, a situação mais desfavorável é encontrada nas faixas etárias extremas, apenas 10% das mulheres jovens e 11% das idosas informam atividade física no lazer.
Já o percentual de sedentários entre os brasileiros adultos é 29%. Nas cidades, o índice de sedentários varia de 25% em Porto Velho a 34% no Recife.
Consumo de bebidas alcoólicas
O consumo abusivo de bebidas alcoólicas (considerando cinco doses para homens e quatro para mulheres em uma mesma ocasião, nos últimos 30 dias) atingiu 17,5% no país, segundo a pesquisa.
Os percentuais entre as capitais variaram entre 13,4%, em São Paulo, e 23%, em São Luís. Na maioria das cidades, a ingestão abusiva foi três vezes maior entre os homens na comparação com as mulheres. A partir dos 45 anos, a ingestão de álcool declina progressivamente.
A cidade que tem o maior consumo de bebidas seguido de direção é Palmas (4,5% dos entrevistados). A menor freqüência foi registrada no Rio (1%). Em todo o país, o percentual geral foi de 2%.
Auto-avaliação do estado de saúde
Cerca de 5% dos brasileiros avaliaram seu estado de saúde como ruim. O mapa da saúde mostrou que Belo Horizonte foi a capital em que menos entrevistados se auto-declararam com a saúde ruim (3,3%). Manaus teve o maior percentual (7,9%). De uma maneira geral, as mulheres tendem a achar seu estado de saúde pior que os homens.
Saúde da mulher
O Ministério da Saúde recomenda o exame de colo de útero (papanicolau) a cada três anos para todas as mulheres com idade entre 25 e 59 anos que apresentaram citologia normal no último exame. O maior percentual de mulheres que realizaram o procedimento nos últimos três anos foi observado em São Paulo (90%) e Porto Alegre (90%) e os menores, em Teresina (68%) e Fortaleza (69%).
Já a mamografia é recomendada para mulheres com idade entre 50 a 69 anos, com o máximo de dois anos entre os exames. A recomendação é anual, a partir dos 35 anos, para as mulheres com histórico familiar de câncer de mama. A maior freqüência de mulheres entre 50 e 69 anos que realizaram esse exame nos dois últimos anos foi observada em Florianópolis (85%), seguido de Vitória (84%) e Porto Alegre (81%). As capitais Boa Vista (52%) e Macapá (54%) são os locais onde menos mulheres fizeram o análise. A cobertura da mamografia aumenta quanto maior for o grau de escolaridade.
Proteção contra raios ultravioletas
Os pesquisadores ainda se preocuparam em relação à proteção contra raios ultravioletas. Foram consideradas medidas de proteção o uso de filtro solar e/ou chapéu, além do limite máximo de 30 minutos de exposição ao sol por dia. Florianópolis é a capital em que os moradores mais se preocupam com o sol (70% deles disseram que se protegem). Do outro lado da lista, está Cuiabá, onde 49,6% dos entrevistados disseram que evitam a luz solar.
Hipertensão e diabetes
A maior quantidade de entrevistados que se disseram hipertensos foi registrada no Rio de Janeiro (27%) e a menor, em Palmas (13,8%).
Já em relação ao diabetes, Natal é a capital onde há maior quantidade de diabéticos autodeclarados (7,5% dos entrevistados). A capital com menor parcela de diabéticos é Boa Vista (1,8%). Considerando toda a população adulta das capitais estudadas, 5,7% das mulheres referem ter diabetes contra 4,8% dos homens. O diagnóstico da doença se torna mais comum com o aumento da idade.